terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ausência das sacolinhas gera controvérsias

por Roxane Regly

Miguel Bahiense, da Plastivida, defende uso consciente
A retirada das sacolinhas dos supermercados paulistas tem gerado divergência de opiniões entre consumidores e entidades. Há quem não concorde com o fim da embalagem, alegando não haver verdadeiros benefícios ou questionando a necessidade gerada de se comprar sacos para dispensar o lixo, substituindo as antigas sacolas.

O aposentado Sebastião Inês, 62, considera que a medida só trará mais gastos aos consumidores. "Em meu ponto de vista, nós só teremos mais encargos. Vai gerar mais custos para o consumidor por precisar comprar sacolas", comentou.

Sebastião questiona a respeito do uso de outras embalagens plásticas no dia a dia. "Vamos parar de usar as sacolinhas, mas se olharmos em um supermercado temos muitas outras embalagens de plástico", observou. "E os sacos de lixo que vamos comprar agora também serão de plástico", afirmou.

O Plastivida (Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos) também tem se posicionado contra a medida. "Entendemos que não há qualquer vantagem ambiental, as sacolinhas eram reutilizadas para embalar o lixo, portanto não se trata de um material descartável, como dizem ser", disse o presidente da Plastivida, Miguel Bahiense. "Agora, o cliente será obrigado a comprar sacos de lixo, que são feitos do mesmo material das sacolinhas, e esses sim serão utilizados de maneira descartável", comentou.

Bahiense alerta ainda para o perigo de contaminação das caixas de papelão oferecidas como alternativa às sacolas. "Temos estudos que comprovam que essas caixas têm até coliformes fecais e bactérias. Elas são utilizadas em todo o processo de transporte e armazenagem do produto e depois são dispensadas. Não é adequado que o cliente leve esse resíduo para casa", disse o presidente da Plastivida.

A alternativa, para Bahiense, não é eliminar a sacolinha, mas sim incentivar o seu consumo consciente. "Temos que reduzir o desperdício das sacolinhas, oferecer produtos de qualidade, para que o consumidor utilize somente o necessário e depois as reaproveite", sugeriu. Segundo ele, campanhas desse tipo foram realizadas em nove estados do País, reduzindo o consumo de sacolinhas em cinco bilhões de unidades. "Assim o consumidor é tratado como o respeito que merece", analisou.

O gestor ambiental Tiago Georgette acredita que a ação foi apoiada tanto pelo Poder Público quanto pela iniciativa privada pois quem vai arcar com os custos é a população. "Não vemos o mesmo esforço quando o ônus está com o Poder Público, como por exemplo, o aumento da coleta seletiva que em Limeira é menos que 10% do total de resíduos gerados", comentou.

Mas por outro lado, Georgetti acredita no poder de reflexão a respeito da questão ambiental que a medida vai ter. "Tudo que vem para fazer a população refletir a respeito é bom, pois a questão ambiental, mais que uma questão tecnológica, é também de postura e conscientização. Se essa campanha iniciar a discussão e aprofundar-se será boa. Se acabar apenas na sacola plástica, aí houve a perda da oportunidade", concluiu.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sacolinhas plásticas começam sair de cena nos supermercados

por Roxane Regly - para o Jornal de Limeira


Supermercados, como o Covabra, já disponibilizam caixas
Começou ontem o fim das sacolinhas plásticas descartáveis nos supermercados. A medida parte de um protocolo de intenções firmado entre a Apas (Associação Paulista de Supermercados) e a Secretaria do Estado do Meio Ambiente. Muitos consumidores ainda estavam desprevinidos.

As sacolinhas plásticas derivadas do petróleo não devem mais ser oferecidas nos supermercados do Estado. A intenção é que os clientes das lojas levem sacolas reutilizáveis, as "ecobags", para carregar suas compras, ou ainda carrinhos de feira ou mochilas. Outra opção oferecida pelos supermercados que aderiram ao protocolo já no primeiro dia foi oferecer caixas de papelão.

"Tivemos uma recepção bastante positiva do primeiro dia sem as sacolinhas. Os clientes já se prepararam trazendo sacolas retornáveis ou acomodaram seus produtos em caixas oferecidas por nós", relatou o gerente de um supermercado de Limeira, Sidney Pierroti. A dona de casa Maria Aparecida Dornelas, 57, foi um desses clientes. Após as compras, ela utilizou sua própria sacola para carregar as compras. "Sempre carrego uma sacola. Acho válido, é para o bem da gente", comentou.

Por outro lado, houve quem não se lembrou da mudança e teve que adquirir uma sacola na hora, como é o caso do agenciador Moisés da Silva, 34. "Aproveitei para comprar uma sacola retornável e agora pretendo trazê-la quando fizer compras. Acho que é uma questão de se adaptar", opinou.

Para a aposentada Elisabete Barros, 56, a opção foi utilizar as caixas oferecidas pelo supermercado. "Esqueci de trazer minhas sacolas. Se eu estiver na rua e decidir aproveitar para comprar algo não vou lembrar de trazer mesmo", afirmou. "Mas tudo bem, esse é um início e ainda tem muito a ser feito pelo meio ambiente", comentou.

Também pensando no meio ambiente, outra opção oferecida ao cliente é comprar sacolinhas biodegradáveis, que são feitas de um material de amido de milho e com isso se decompõem em cerca de seis meses no meio ambiente. Nesse caso, cada sacolinha custa R$ 0,19. Já as retornáveis, no supermercado pesquisado pelo Jornal de Limeira, custavam entre R$ 0,55 e R$ 3,99.

O Jornal pesquisou nos principais supermercados da cidade e pelo menos duas lojas já tinham implementado a medida. O JL observou que em muitos deles o protocolo ainda está em fase de implementação, ou seja, as lojas estão disponibilizando caixas e incentivando o uso de sacolas retornáveis, mas ainda não aboliram de vez as sacolinhas plásticas. As lojas disseram que o fim deve acontecer em breve, quando acabarem os estoques ou quando houver determinação da rede.