por Roxane Regly
Miguel Bahiense, da Plastivida, defende uso consciente |
A retirada das sacolinhas dos supermercados paulistas tem gerado divergência de opiniões entre consumidores e entidades. Há quem não concorde com o fim da embalagem, alegando não haver verdadeiros benefícios ou questionando a necessidade gerada de se comprar sacos para dispensar o lixo, substituindo as antigas sacolas.
O aposentado Sebastião Inês, 62, considera que a medida só trará mais gastos aos consumidores. "Em meu ponto de vista, nós só teremos mais encargos. Vai gerar mais custos para o consumidor por precisar comprar sacolas", comentou.
Sebastião questiona a respeito do uso de outras embalagens plásticas no dia a dia. "Vamos parar de usar as sacolinhas, mas se olharmos em um supermercado temos muitas outras embalagens de plástico", observou. "E os sacos de lixo que vamos comprar agora também serão de plástico", afirmou.
O Plastivida (Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos) também tem se posicionado contra a medida. "Entendemos que não há qualquer vantagem ambiental, as sacolinhas eram reutilizadas para embalar o lixo, portanto não se trata de um material descartável, como dizem ser", disse o presidente da Plastivida, Miguel Bahiense. "Agora, o cliente será obrigado a comprar sacos de lixo, que são feitos do mesmo material das sacolinhas, e esses sim serão utilizados de maneira descartável", comentou.
Bahiense alerta ainda para o perigo de contaminação das caixas de papelão oferecidas como alternativa às sacolas. "Temos estudos que comprovam que essas caixas têm até coliformes fecais e bactérias. Elas são utilizadas em todo o processo de transporte e armazenagem do produto e depois são dispensadas. Não é adequado que o cliente leve esse resíduo para casa", disse o presidente da Plastivida.
A alternativa, para Bahiense, não é eliminar a sacolinha, mas sim incentivar o seu consumo consciente. "Temos que reduzir o desperdício das sacolinhas, oferecer produtos de qualidade, para que o consumidor utilize somente o necessário e depois as reaproveite", sugeriu. Segundo ele, campanhas desse tipo foram realizadas em nove estados do País, reduzindo o consumo de sacolinhas em cinco bilhões de unidades. "Assim o consumidor é tratado como o respeito que merece", analisou.
O gestor ambiental Tiago Georgette acredita que a ação foi apoiada tanto pelo Poder Público quanto pela iniciativa privada pois quem vai arcar com os custos é a população. "Não vemos o mesmo esforço quando o ônus está com o Poder Público, como por exemplo, o aumento da coleta seletiva que em Limeira é menos que 10% do total de resíduos gerados", comentou.
Mas por outro lado, Georgetti acredita no poder de reflexão a respeito da questão ambiental que a medida vai ter. "Tudo que vem para fazer a população refletir a respeito é bom, pois a questão ambiental, mais que uma questão tecnológica, é também de postura e conscientização. Se essa campanha iniciar a discussão e aprofundar-se será boa. Se acabar apenas na sacola plástica, aí houve a perda da oportunidade", concluiu.
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