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Um projeto pioneiro na região para a reciclagem de máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia pode ser a solução para a retirada dos equipamentos que lotam fóruns e delegacias em todo o Estado. Desenvolvido em Limeira, a iniciativa conta com a colaboração do Poder Judiciário, da Polícia Civil e da iniciativa privada.
Delegado seccional de Limeira, José Henrique Ventura explica que após uma determinação nacional que proibia o despejo do chamado lixo digital em aterros sanitários, eles (Polícia Civil) foram orientados pela Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental) a procurar uma empresa na cidade de Itatiba que recolhesse esse tipo de material. "Encontrei a empresa (Lixo Digital), que, além de recolher, recicla esses equipamentos, transformando-os em computadores, que, posteriormente, podem ser doados a instituições de caridade do município", diz.
Ventura cita ainda que a medida tem três frentes. "Além de eliminar esses equipamentos (máquinas caça-níqueis), que são proibidos, a medida evita a poluição do meio ambiente, já que o material que polui o solo não é despejado no aterro sanitário e ajuda entidades assistenciais", comenta.
Questionado se o projeto já era aplicado em outras cidades da região, o delegado seccional afirma desconhecer. "Limeira seria a pioneira na região", diz, afirmando que a iniciativa continua e que mais máquinas serão recicladas.
Juiz da 2ª Vara Criminal de Limeira, Luiz Augusto Barrichello Neto explica que foi procurado pelo delegado Ventura, que comentou que tinha encontrado essa empresa. "Ela (empresa) se ofereceu para fazer isso sem custo algum para o Estado. Analisei o projeto e concordei", diz ele, lembrando que pelo fato de estar fazendo uma pós-graduação em Direito do Meio Ambiente, tomou conhecimento de que esse material não poderia ser despejado em aterros sanitários.
Barrichello, que afirma também desconhecer projeto semelhante na região, cita que o jogo só é autorizado em alguns casos no Brasil. "O Estado tem o monopólio do jogo no país (loterias). Por isso, essas máquinas não poderiam existir e as apreensões são numerosas. Como o Fórum e os distritos policiais estavam lotados com as máquinas, resolvemos, ao invés de destruí-las, reciclá-las", diz.
O juiz também conta que não há uma regra específica que determine a destruição dessas máquinas - como ocorre com as armas de fogo apreendidas, por exemplo. "Essas máquinas são compostas por equipamentos usados em computadores. Na reciclagem, são retiradas as placas usadas para o jogo, os Hds são formatados e o que sobra pode ser usado na montagem dos equipamentos", conta.
Segundo dados da Polícia Civil de Limeira, aproximadamente 80% dos equipamentos apreendidos são reciclados. "Algumas máquinas estão danificadas e não têm mais condições de serem usadas. Isso, relacionado à burocracia estatal, faz com que nem todas as máquinas possam ser recicladas", explica Barrichello, lembrando que o sucateamento de produtos relacionados a informática ocorre rapidamente.
Ainda conforme a Polícia Civil de Limeira, somente no primeiro semestre deste ano, foram apreendidas na cidade 384 máquinas. Ainda segundo dados levantados junto à Delegacia Seccional de Limeira, um novo lote com 1,2 mil máquinas deve ser enviado para a empresa em Itatiba para a reciclagem.
Novamente conforme o delegado seccional, já foi feito um contato com a Aril (Associação de Reabilitação Infantil Limeirense) para ver se a entidade tem interesse em receber os computadores reciclados. "Eles poderiam montar uma sala de informática para os atendidos", comenta.
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