sábado, 19 de novembro de 2011

Rede de esgoto é entupida até com a ajuda de flaconetes de cocaína


(por André Montanher, do Jornal de Limeira)

O hábito de jogar lixo na rede coletora de esgoto continua uma constante entre a população de Limeira e preocupa a concessionária Foz do Brasil, responsável pelo serviço. Por dia, uma tonelada de lixo é recolhida pela empresa nas quatro ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) da cidade e a novidade fica para um item cada vez mais presente na rede. Este inusitado material é a embalagem plástica que tem sido usada por traficantes para acondicionar cocaína, chamada de flaconete.

"Estamos impressionados com a quantidade de flaconetes encontrados nas ETEs. O problema é maior na estação Águas da Serra, localizada na saída para Iracemápolis", explica o gerente operacional da empresa, Gilson Merli.

O descarte de flaconetes no esgoto é um recurso dos viciados em drogas para dispensar o produto sem deixar vestígios e se junta a uma grande lista de objetos que a população continua despejando na rede de forma irregular. Entre os mais comuns estão absorventes, preservativos, papel higiênico e fio de cabelo.

Mas a lista inclui itens mais exóticos - como embalagens de pasta de dente, frascos de remédios, brinquedos e até vassouras, como conta o coordenador de redes da Foz do Brasil, Marco Sinico. Talheres e pedras portuguesas também já foram encontrados na rede. "O que eu achei mais surpreendente encontrar foi dinheiro. No mês passado, achamos uma nota de R$ 10 e três de R$ 50. Você já imaginou alguém jogar dinheiro pelo esgoto?", pergunta.

O técnico explica que a concessionária realiza um trabalho preventivo, fiscalizando e limpando 12,5 mil metros de tubulações da rede de esgoto por mês. "Mas a quantidade de despejo de lixo é muito maior do que a nossa capacidade e os materiais acabam caindo nas estações de tratamento. As pessoas precisam entender que a rede de esgoto foi projetada para receber 99% de material líquido e apenas 1% de material sólido, que são as fezes", explica Sinico.

Segundo o técnico, o resultado do desequilíbrio nesta equação são as tubulações e equipamentos quebrados ou pior, os chamados refluxos - a volta do esgoto para as residências. "Receber o esgoto de volta em casa é uma das piores experiências da vida. As pessoas precisam entender que isso ocorre por conta da falta de educação de toda a população", explica o técnico.

CHUVA
A obstrução causada pelo lixo é uma preocupação que se soma à interligação irregular da coleta das águas pluviais na rede de esgoto. "Durante as chuvas do início da semana, a ETE Águas da Serra recebeu um volume de água seis vezes maior do que o normal. Isto não deveria ocorrer, pois a rede de esgoto não deveria ter nada a ver com a rede coletora pluvial. Um aumento de seis vezes é um fenômeno que o sistema não consegue comportar", explica o gerente operacional da Foz do Brasil.

O alto volume de água pode destruir as tubulações e os equipamentos. E da mesma forma que o lixo acumulado, possibilita a ocorrência de refluxo nas residências. "Neste período do ano em que as chuvas são constantes, aumenta a preocupação. Inclusive, a concessionária está realizando uma campanha de conscientização sobre a necessidade de separar o sistema de coleta da chuva da coleta do esgoto", finaliza Merli.

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