sexta-feira, 1 de julho de 2011

Em protesto, ambientalistas colocam cruzes em "cova" de árvore

(por Cristiano Kock Vitta, para o Jornal de Limeira / Fotos: Maurício R. Martins/JL)

Cruz em protesto a retirada de árvores
Ambientalistas revoltados com retiradas de árvores que tinham plantado em trecho do Anel Viário, nas proximidades do Jardim Nossa Senhora do Amparo, em frente ao Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), fizeram protesto inusitado ontem.

Os professores José Otávio Ribeiro, 42 anos, e Elaine Pereira Lima Ribeiro, 36, colocaram cruzes nos espaços dos quais foram retiradas as mudas plantadas por eles. Nas cruzes, colocaram mensagem que dizia: "Aqui havia uma árvore. Foi arrancada a mando da prefeitura".

Ribeiro afirmou que o plantio tinha sido realizado na quinta-feira com ajuda de dois voluntários - um dos quais jardineiro. Na segunda-feira, já não havia mais nenhuma das 17 árvores que ele afirmou ter plantado. "Não esperava esta recepção da prefeitura.

Nossa intenção era evitar a erosão e melhorar a qualidade do ar. Todo mundo sabe que Limeira está mais quente e mais poluída", disse Ribeiro, que cursa pós-graduação em meio ambiente e desenvolvimento sustentável na Unicamp.

Ribeiro e Eliane colocaram cruzes onde estavam as árvores
Segundo ele, havia autorização da Secretaria do Meio Ambiente para fazer o plantio. "Pegamos as mudas no Depave (Departamento de Áreas Verdes), que são doadas por empresas. Plantamos sibipiruna, quaresmeira e ipê roxo. Obtivemos aval de engenheiro agrônomo da prefeitura. Fizemos tudo isso sem custo. Arrancaram tudo e estão replantando exatamente o que tínhamos colocado. É muito contraditório", disse.

Ribeiro criou, em fevereiro deste ano, projeto de rearborização urbana, chamado "Limeira mais verde". A iniciativa já rendeu o plantio de pelo menos 150 árvores em vários pontos da cidade. "Nosso trabalho é de formiguinha. Mas já percebemos que a preferência da prefeitura é por grama e palmeira", relatou.

O secretário Domingos Furgione Filho elogiou a iniciativa, mas afirmou que é preciso autorização específica para realizar plantios em áreas urbanas, que, segundo ele, Ribeiro não teria. "Além disso, aquela área faz parte de um projeto de arborização anterior a minha gestão. Estavam colocando espécies inadequadas. Ali estão sendo plantados oito flamboyant de cores diferentes".

Furgione rebateu também a afirmação de que seriam 17 árvores retiradas. "Eram dez. E já foram, após retiradas com seus respectivos torrões, replantadas no futuro Parque da Vila Camargo. E não havia ipê roxo. Era tipuana. A iniciativa é positiva. Não queremos constranger ninguém, mas acho que é preciso conversar antes", disse.

Nota: acompanhei o repórter Kock Vitta durante a apuração da matéria. Nos primeiros minutos a ação chamou a atenção de pessoas que passavam. Vi inclusive pessoas parando o carro para ler o que estava escrito. Poucas horas depois as cruzes foram removidas, hoje não há sequer indícios do protesto. Liberdade de expressão?

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