Cruz em protesto a retirada de árvores |
Os professores José Otávio Ribeiro, 42 anos, e Elaine Pereira Lima Ribeiro, 36, colocaram cruzes nos espaços dos quais foram retiradas as mudas plantadas por eles. Nas cruzes, colocaram mensagem que dizia: "Aqui havia uma árvore. Foi arrancada a mando da prefeitura".
Ribeiro afirmou que o plantio tinha sido realizado na quinta-feira com ajuda de dois voluntários - um dos quais jardineiro. Na segunda-feira, já não havia mais nenhuma das 17 árvores que ele afirmou ter plantado. "Não esperava esta recepção da prefeitura.
Nossa intenção era evitar a erosão e melhorar a qualidade do ar. Todo mundo sabe que Limeira está mais quente e mais poluída", disse Ribeiro, que cursa pós-graduação em meio ambiente e desenvolvimento sustentável na Unicamp.
Ribeiro e Eliane colocaram cruzes onde estavam as árvores |
Segundo ele, havia autorização da Secretaria do Meio Ambiente para fazer o plantio. "Pegamos as mudas no Depave (Departamento de Áreas Verdes), que são doadas por empresas. Plantamos sibipiruna, quaresmeira e ipê roxo. Obtivemos aval de engenheiro agrônomo da prefeitura. Fizemos tudo isso sem custo. Arrancaram tudo e estão replantando exatamente o que tínhamos colocado. É muito contraditório", disse.
Ribeiro criou, em fevereiro deste ano, projeto de rearborização urbana, chamado "Limeira mais verde". A iniciativa já rendeu o plantio de pelo menos 150 árvores em vários pontos da cidade. "Nosso trabalho é de formiguinha. Mas já percebemos que a preferência da prefeitura é por grama e palmeira", relatou.
O secretário Domingos Furgione Filho elogiou a iniciativa, mas afirmou que é preciso autorização específica para realizar plantios em áreas urbanas, que, segundo ele, Ribeiro não teria. "Além disso, aquela área faz parte de um projeto de arborização anterior a minha gestão. Estavam colocando espécies inadequadas. Ali estão sendo plantados oito flamboyant de cores diferentes".
Furgione rebateu também a afirmação de que seriam 17 árvores retiradas. "Eram dez. E já foram, após retiradas com seus respectivos torrões, replantadas no futuro Parque da Vila Camargo. E não havia ipê roxo. Era tipuana. A iniciativa é positiva. Não queremos constranger ninguém, mas acho que é preciso conversar antes", disse.
Nota: acompanhei o repórter Kock Vitta durante a apuração da matéria. Nos primeiros minutos a ação chamou a atenção de pessoas que passavam. Vi inclusive pessoas parando o carro para ler o que estava escrito. Poucas horas depois as cruzes foram removidas, hoje não há sequer indícios do protesto. Liberdade de expressão?
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